domingo, 28 de fevereiro de 2010

Representantes apostam na eleição da militância para ampliar a conexão entre o parlamento e os assalariados

CORREIO BRAZILIENSE
Atentas à tramitação no Congresso Nacional de projetos de interesse daclasse trabalhadora, centrais sindicais estão cada vez mais empenhadasem lançar candidatos ao Legislativo. Temas como a redução da jornadade trabalho e a recomposição das perdas do poder aquisitivo deaposentadorias, de interesse dos trabalhadores, estão nas mãos desenadores e deputados federais.

“Não dá para tratar a relação capital-trabalho só na porta da fábrica.A gente busca melhorias, mas não encontra ressonância (no Congresso)”,afirma o deputado federal Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente daUnião Geral dos Trabalhadores (UGT). O parlamentar ressalta que aentidade não incentiva a filiação dos dirigentes a determinado partido— embora as centrais continuem próximas aos partidos de esquerda. “Nãoexiste um incentivo partidário, a central é pluralista. No momento, épara incentivar candidaturas”, resume.

Criada há pouco menos de três anos, a UGT fará o primeiro teste naseleições de outubro. O presidente da entidade, Ricardo Patah, apontacerca de 15 pré-candidatos a deputado federal e estadual entre osdirigentes da central. “Uma democracia só se efetiva se há forçasequilibradas que vão ao encontro dos interesses. Por isso, vamos lutarpara que nossos candidatos sejam eleitos”, argumenta.

Uma das principais críticas de dirigentes sindicais é o desequilíbriode forças no Congresso entre representantes dos trabalhadores e dasdemais categorias. De acordo com o Departamento Intersindical deAssessoria Parlamentar (DIAP), 60 parlamentares ligados a causastrabalhistas foram eleitos nesta legislatura — número um pouco abaixoda legislatura anterior (70). O instituto, cujo objetivo é manter asentidades sindicais informadas sobre propostas em tramitação deinteresse da categoria, afirma que o tamanho da classe empresarial,por sua vez, é quatro vezes maior.

“Esse é um movimento dos trabalhadores, e não apenas de uma ou outracentral. É claro que há limites partidários (entre as centrais), mastodas estão unidas na defesa da categoria(1)”, afirma VicenteSelistre, presidente do Sindicato de Sapateiros de Campo Bom (RS) evice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil(CTB). Selistre é um dos nomes que a central pretende lançar à Câmaraneste ano. O sindicalista concorreu nas últimas eleições pelo PSB, masnão teve votos suficientes para garantir uma vaga na Casa. Ex-vereadorde Campo Bom, é o primeiro suplente do deputado federal BetoAlbuquerque (PSB-RS).
Capilaridade

Segunda maior central sindical no país, a Força Sindical também estáempenhada em lançar candidatos. O presidente da entidade, o deputadofederal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), calcula, inicialmente, 10pré-candidatos à Câmara — o próprio Paulinho da Força tentará areeleição. Presente em todas as regiões do país, a estrutura daentidade em estados como São Paulo é capaz de eleger, sozinha, um nomepara o Legislativo. “Com a descentralização da indústria, a força dossindicalistas cresceu muito”, afirma o parlamentar.

Até mesmo a menor entre as seis centrais sindicais tem planos para aseleições em outubro. A Central Geral dos Trabalhadores do Brasil(CGTB) quer lançar o nome de dirigentes para as assembleiaslegislativas em ao menos 12 estados. Além disso, o tesoureiro daentidade e um dos vice-presidentes são cotados para disputar vaga dedeputado federal. O secretário-geral da CGTB, Carlos Alberto Pereira,afirma que, apesar da baixa representação no Congresso, o movimentosindical ganhou mais espaço no governo do presidente Lula. “Houve umavanço muito grande em relação ao governo anterior e nós achamos quedevemos trabalhar para não haver retrocessos”, afirma Pereira.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical dopaís, preferiu não seguir o caminho das demais entidades. Em julho doano passado, a direção nacional da CUT determinou que os dirigentesque assumirem algum cargo ou mandato eletivo, nas três esferas depoder, devem ser afastados da função de dirigente sindical. Odocumento defende “a total independência frente ao Estado e autonomiaem relação aos partidos políticos.”

1 – Brecha para doação
A lei eleitoral não impede a participação de sindicalistas na disputapolítica, mas proíbe o financiamento de campanha por “entidade declasse ou sindical”. A nova lei eleitoral, no entanto, abriu brechapara a doação dos sindicatos. Um dos artigos do texto que entrou emvigor no fim do ano passado permite a doação de cooperativas, desdeque não recebam recursos públicos. Vários sindicatos têm em suaestrutura cooperativas que atendem a demandas de crédito ou habitação,por exemplo.

2-Tendência a se enraizar
Embora afirme que a representação do trabalhador no Legislativo sejaimportante, o professor de sociologia do trabalho da Unicamp RicardoAntunes pondera que, no Brasil, alguns sindicalistas aproveitam aoportunidade e se transformam em políticos profissionais. “Há um modusoperandi no parlamento que, se o representante não tiver uma coerênciae clara consciência dos interesses que representa, abandona essesvalores e facilmente passa a conviver com aquele modo de operação doparlamento, que é o da barganha, o da negociação, o da troca defavores”, afirma. Antunes ressalta que esse é um traço darepresentação parlamentar e influencia não apenas a classetrabalhadora.

Autor de obras sobre o sindicalismo, o professor afirma que algunsdirigentes veem na política uma oportunidade de ascensão social — edificilmente pensam em retornar aos quadros da entidade. “O parlamentotem uma tendência à luta pela perpetuação. O líder sindical não entrapensando ‘vou representar os trabalhadores por quatro anos’. É raroisso acontecer. Em geral, ele entra no parlamento e não quer maissair”, avalia.

As centrais sindicais também pretendem influenciar o programa degoverno dos candidatos ao Palácio do Planalto. As entidades sereunirão em junho para elaborar uma plataforma dos trabalhadores paraentregar aos presidenciáveis. “Aquele que assumir o programa vai termais apoio do movimento sindical”, avalia Paulo Pereira (PT-PDT),presidente da Força Sindical. Algumas centrais, mais próximas do PT,no entanto, querem dar prioridade à campanha da ministra DilmaRousseff.

O presidente da UGT, terceira maior central sindical do país, afirmou,entretanto, que a entidade não vai comparecer ao evento. “O que nosinteressa não são pessoas ou partidos específicos, são projetos”,afirmou Ricardo Patah. Um grupo da UGT, filiado ao PPS, é aliado dogovernador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB às eleiçõespresidenciais. Assim, a entidade pretende elaborar uma propostaprópria e encaminhá-la a todos os candidatos. (FF).

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Deputado e líderes sociais pedem apoio a suas causas


Beto recebeu documentos pedindo seu apoio em plenário a
duas causas polêmicas

O deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) recebeu em Brasília dois documentos nos quais é pedido seu apoio a questões que têm gerado muita discussão e polêmica no Congresso Nacional: a defesa do marco regulatório da camada pré-sal e da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais (PEC 231/1995).

Os ofícios solicitando adesão do parlamentar socialista foram entregues pelo deputado estadual do Rio Grande do Sul Raul Carrion (PC do B), coordenador da Frente de Parlamentares Gaúchos pelos Recursos do Pré-Sal para Todos dos Brasileiros, acompanhado do coordenador da Confederação nacional das Associações de Moradores (Conam), Getulio Vargas Júnior, e de João Lopes, representante da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB).